segunda-feira, 8 de junho de 2015

Conversa de Saloon

Entrevista com André Guilherme Portocarrero


André e sua jaqueta no melhor estilo Rooster Cogburn

E é ao som do grupo britânico The Beatles que iniciamos a coluna Conversa de Saloon, aqui iremos sempre mostrar belíssimas coleções voltadas ao tema Western e bater aquele papo agradável. Entre um copo e outro de esquenta tripas fui conversando com o amigo André Portocarrero, vamos ver o que ele tem a nos dizer:

Olá, André. É uma grande honra inaugurar a seção Conversa de Saloon com a sua pessoa. Já de início pode nos falar um pouco sobre você, onde reside? O que faz da vida?

Moro em Cuiabá capital de Mato Grosso, tenho 48 anos. Sou advogado e Jornalista. Trabalho no Tribunal de Justiça do estado.

Quando foi seu primeiro contato com o gênero Western? Qual impacto teve sobre você?

Por volta dos 7 anos. É uma das lembranças da minha infância. Lembro bem de Bonanza, Rin-Tin-Tin, Durango Kid e Chaparral na televisão, mesmo em preto e branco, tv era preto e branco. Naquela época o caubói era um ícone americano muito disseminado no Brasil. Todo menino queria ser o “artista”, ou seja, o cara que ganhava dos bandidos e dos índios. Eu tive muitos revólveres de espoleta. Tinha de dois “calibres”, de 6 e oito tiros com espoleta em cartucho de plástico e revólver com tambor que girava e os revólveres com espoleta de rolo de papel que dava uma porrada de tiro, era demais. Nessa época não ia muito ao cinema, era televisão. Outra coisa que eu tive muito e que é mais um item do western que fazia a cabeça da gurizada eram os Fortes. Rapaz eu nem sei te dizer quantos eu tive. Forte Apache era o mais comum, mas eu tive Forte Zorro, e até o Forte Chaparral, para provar o apelo do gênero na época. Cara, como era legal!

Qual tipo de mídia você é mais afeiçoado quando o assunto é faroeste? Filmes, quadrinhos, séries, livros?

Eu particularmente prefiro o cinema. É bom destacar que o western é o primeiro gênero do cinema e dominou as telas até os anos 1960. Eu sou cinéfilo e não poderia deixar de ter o faroeste como um dos meus tipos de filmes preferidos, principalmente os de John Ford, o poeta do oeste, mas os quadrinhos seguiram nessa esteira também e eu gosto muito de quadrinhos de faroeste: Tex, Ken Parker, Jonah Hex... Uma das poucas coisas que compro de revista em quadrinhos em série, é o Tex colorido. Mágico Vento eu também colecionei inteira.

A cobiçada coleção de Ken Parker pela Tendência/Tapejara


Comanche de Hermann e Greg

Quais os itens que você se orgulha muito de ter em seu acervo? Sempre tem algo ao qual somos mais afeiçoados. E quais itens compõe sua coleção de filmes e quadrinhos de Westerns?

Tenho alguns Tex antigos em formato de talão de cheques (da primeira vez que ele foi publicado no Brasil) que acho muito legais; Os filmes de John Wayne tenho vários, os grandes filmes dele como Stagecoach (No Tempo das Diligências) Bravura Indômita e Rastros de Ódio e muitos outros. Eu tenho a série da DC Jonah Hex (que saiu pela Ebal) inteira, Ken Parker da Tendência Tapejara e os demais pelo Cluq, tudo que saiu do errante homem do oeste de Berardi e Milazzo, além de literatura de cinema sobre o faroeste e alguns livros de Dee Brown que eu gosto muito.

Alguns filmes do acervo do André Guilherme

                                                                                                                                                 Livros temáticos

Qual o seu top 5 de filmes de faroeste?

Rastros de Ódio (incontestável), Mais Forte Que A Vingança (Jeremiah Johnson- que inspirou o quadrinho Ken Parker); A Trilogia do Homem Sem Nome de Sérgio Leone; O homem que matou o Facínora (outra vez John Wayne e John Ford)

E agora, qual seria seu top 5 de quadrinhos de faroeste?

Ken Parker, Mágico Vento, Jonah Hex, Tex e Lucky Luke.

Como você vê o gênero Western hoje em dia? Tem acompanhado algum quadrinho? Qual o último filme que realmente te fez vibrar?

Tex está sempre aí para nos fazer feliz. Agora com o gigante em cores então, é uma obra de arte a cores, mas está perdendo força. Quem aprecia está envelhecendo; tanto é verdade que esta série colorida e capa dura, quem compra é gente que já está encaminhado na vida, por assim dizer, porque são caras. A nova geração não compra muito não. Mas é um nicho que nunca vai morrer. Em termos de filme foi OPEN RANGE - 2003 (Pacto de Justiça) que passou meio despercebido no Brasil é um faroestão. Foi dirigido por Kevin Costner, que já tinha sido caubói em Silverado de 1985 e o americano desiludido que foi viver uma outra vida com os índios em Dança com Lobos, um dos meus filmes prediletos, o que reforça o quanto listas são injustas. Django de Tarantino é um faroeste Século 21. Eu gostei como pura diversão, apenas.

                                                                                                                  Tex em Cores

Agora um bate bola rápido sobre Westerns:

John Wayne ou Clint Eastwood?

Wayne.

John Ford ou Sergio Leone?

Cara, me desculpa, mas Ford.

Mágico Vento ou História do Oeste?

Ned Ellis (Mágico Vento).

Quem venceria um duelo, Tex, Blueberry  ou Jonah Hex?

Vamos encarar como o duelo final de Três Homens em Conflito: Esses caras acabaram vítima de uma trama engendrada por Mefisto que se aliou ao Quentin Turnbull, ambos com intenções de se livrarem das pedras em seus sapatos representadas por Tex e Jonah Hex, que em suas desventuras pelos lados do Arizona, acabam encontrando um certo Tenente (Blueberry) que tinha sido enviado pelo governo (manipulado por Turnbull e suas influencias em Washington) e os três acabam se enfrentando. No clímax, Tex, o que mais duelos disputou desde 1859 (1948), fere Hex no ombro e o Tenente nem percebeu quando ele retirou as balas do seu colt e não pôde reagir. Depois do mal-entendido resolvido, os três desmontam a tramoia dos vilões e acabam comendo uns belos bifes com batata num saloon.

Blueberry, Manara e Tex

Durango de Yves Swolfs

Bela trama, obrigado André por ceder essa Conversa de Saloon, deixe um recado para quem acompanha o Blog Western Company.

Meu irmão, não é de hoje que a gente se conhece. E nossa amizade é a prova do quanto a internet, como qualquer coisa na vida, se usada para fins pacíficos (hehehe), com sabedoria, é muito legal. Nunca nos vimos, mas é como se você morasse aqui em Cuiabá. Acompanho sua luta pela cultura dos quadrinhos e sua batalha para edificar uma sociedade melhor. Isso, por si só, já bastava para eu te ter em alta estima, mas ai entraram os quadrinhos, cinema... Sherlock Holmes... e o nosso BOTAFOGO e ficou tudo certo. Aos colegas westernmaníacos como a gente, eu deixo um grande abraço e quero saber das histórias deles... Histórias do Oeste!

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